domingo, 14 de dezembro de 2008

A problemática do Saneamento Básico no Rio de Janeiro

O que especialistas da área tem a dizer sobre esta temática

por: Politicamente Correto


O Rio de Janeiro é conhecido em todo o mundo como a maior cidade litorânea da América Latina e por ser cartão-postal do Brasil, devido a sua biodiversidade e beleza natural. Porém, nos últimos quatorze anos, uma grande problemática tem assolado a vida de todos os cariocas: a falta de saneamento básico. Conforme dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 24% das residências despejam seus esgotos nos rios e canais da cidade, causando graves riscos de saúde.
A cada ano, mais de 700 mil pessoas são internadas em hospitais devido a doenças associadas ao problema do saneamento básico. A maior vítima delas são as crianças com idade de 1 a 6 anos que, segundo relatórios da FGV, correspondem a 32% das mortes por não disporem de esgoto tratado.
Diante destes dados o ambientalista Mario Moscatelli, diz não acreditar em melhorias concretas para o setor ambiental, uma vez que este é o serviço público com a menor taxa de acesso e de crescimento. “Praticamente é certa a proliferação de cianobactérias no sistema lagunar da Baixada de Jacarepaguá, bem como a proliferação descontrolada de gigogas. O trecho da praia da Barra compreendido entre o Quebra-mar e o Pepê vai continuar com a sua balneabilidade comprometida, principalmente durante os períodos de maré baixa”, afirma.
As cianobactérias, que ele se refere, se proliferam no esgoto, e soltam substâncias tóxicas que podem afetar seriamente ao fígado. Estas toxinas são ingeridas não só por quem nada nestas águas, mas também por pessoas que estejam passando próximo (que ingerem moléculas levadas invisivelmente pelo vento), pela flora e por todos os animais, incluindo peixes e aves. Para quem pesca nessas lagoas e canais, existe o sério risco de contrair gastro-enterites, infecções e diarréia, além de doenças hepáticas sérias e até câncer.
Segundo Moscatelli, uma ação fundamental no combate à poluição dos canais da cidade, é o tratamento do esgoto. No Rio de Janeiro, o tratamento faz pouco por reduzir o grande dano nas praias, que se mantêm infectadas com a presença de bactérias e vírus invisíveis dentro da água, que causam infecções e doenças aos banhistas. “Um terço do esgoto recolhido retira as partes sólidas, despejando o resto diretamente nas lagoas e no mar. Os outros dois terços coletados, sem tratamento nenhum, levam diretamente para as lagoas e para o mar o que foi despejado nas residências como: produtos químicos usados para limpeza, objetos jogados no vaso sanitário, além de detrito humano”, explica o ambientalista.
Para ele, só há movimentação do poder público quando o problema “explode”, sendo denunciado pela mídia ou tornando-se público. “Acho que se fala muito e se faz pouco em relação, principalmente, a dar um basta à incompetência administrativa das autoridades públicas. O que precisamos ter claro são as ações, cronogramas de execução, dinheiro destinado e muita fiscalização sobre quem executa e paga as obras”, explica.
Por outro lado, no início de 2008, o Governo Estadual investiu R$ 110 milhões de recursos do FECAM (Fundo Estadual de Conservação Ambiental) nas redes e elevatórias da Barra e Jacarepaguá, executadas pela CEDAE; quando todo o esgoto da região chegava às lagoas e às praias.
Foram construídas Estações de tratamento de esgoto (ETE), com o objetivo de levá-lo dos bairros para as estações especializadas e tratá-lo. Segundo o biólogo Fernando Fernandes, o único problema dessas estações é não funcionarem 100% do tempo. “A utilização patética que se vê hoje em muitas delas é complicada, pois é partindo do nível vergonhoso no qual estamos hoje”, indaga.
Para Fernandes, o governo e os governantes são eleitos e pagos pelo povo para servir à sociedade e garantir o bem estar de todos. “Nossos governos não cumprem o seu dever. Os sistemas de saneamento existentes são precários e deixam os habitantes expostos a grandes riscos à saúde, causando grande dano ao meio ambiente”, finaliza o biólogo.

Nenhum comentário: